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Japinha do CV Viva? Boatos Áudios e Posts Misterioso

Rumores de sobrevivência de Japinha após operação no Rio: áudios vazados e postagens sugerem farsa.

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Créditos: Reprodução/X

Boatos de Sobrevivência de 'Japinha do CV': Áudios Vazados e Postagens Misteriosas Alimentam Mistério Após Megaoperação no Rio

O submundo digital do Rio de Janeiro ferve com um enigma que mistura luto, desinformação e a astúcia do crime organizado: Penélope, a jovem de 28 anos conhecida como "Japinha do CV" ou "musa do crime", estaria viva, apesar de relatos oficiais de sua morte durante a Operação Contenção, a ação policial mais letal da história fluminense, que ceifou 132 vidas nos complexos do Alemão e da Penha em 28 de outubro. Como pioneiro na cobertura desse caos – nossa matéria exclusiva de 30 de outubro já detalhava o abate de Japinha como um dos golpes simbólicos contra o Comando Vermelho (CV) –, o TuneBlaze Digital mergulha agora nos boatos que explodiram nas redes desde então: áudios vazados onde uma voz feminina nega a morte, postagens em perfis atribuídos a ela com mensagens pessoais e fotos recentes, e discrepâncias em imagens do suposto corpo que sugerem uma farsa orquestrada. Mas por trás do hype viral, a verdade oscila entre tática de facção e manipulação barata, deixando autoridades e família em um limbo de confirmações pendentes.


Tudo começou horas após o tiroteio que paralisou a Zona Norte: policiais relataram que Japinha, confidente de Edgard Alves de Andrade (o "Doca da Penha", ainda foragido), reagiu à abordagem vestida com colete tático e abriu fogo, sendo atingida fatalmente no rosto por um tiro de fuzil. Imagens gráficas circularam em grupos de WhatsApp e perfis no Instagram, mostrando um corpo em camuflado com ferimentos graves, ao lado de um fuzil AR-15. A irmã de Penélope, em desabafo emocionado nas redes, confirmou a perda e implorou: "Ela já se foi, não é justo ver o corpo da minha irmã sendo espalhado por curiosidade. Parem com isso, por favor", pedindo que o perfil dela virasse memorial. O Instituto Médico-Legal (IML) recolheu mais de 70 corpos levados por moradores à Praça da Penha, mas até esta segunda-feira, a identidade de Japinha não consta na lista oficial de mortos da Polícia Civil – um vazio que acendeu o pavio dos rumores.


Desde 30 de outubro, perfis no Instagram e X (antigo Twitter) atribuídos a ela voltaram a postar: fotos dela em poses familiares, com legendas como "Galera, tô viva e bem, parem de espalhar fake", e stories com gírias cariocas que ecoam seu estilo antigo, como referências a dívidas e lealdade ao CV. Um vídeo no TikTok, compartilhado por contas ligadas à facção, mostra uma mulher com traços semelhantes rindo de "boatos de morte", datado supostamente de 1º de novembro – mas análises preliminares de especialistas em cibersegurança, citados pelo Portal de Lauro, apontam para deepfakes ou contas hackeadas, comuns em narrativas de "morta-viva" para desmoralizar operações policiais. No YouTube, um clipe intitulado "ESTÁ VIVA? VAZA ÁUDIOS DA JAPINHA DO CV" acumulou 505 mil views em 24 horas, apresentando gravações onde uma voz feminina com sotaque fluminense nega a morte: "Caralho, você não morreu na operação? Não, tô viva, pode vir pagar, mano", e "Eles postando no grupo que eu morri, mas tô aqui cobrando meus 2 mil".


Esses áudios não são novidade: um registro antigo, de uma operação anterior não datada, já mostrava Japinha fingindo morte para escapar e cobrar dívida de R$ 2 mil de um amigo, que reagia surpreso: "Pensei que você tinha batido as botas, mano". Vazado novamente pós-operação, ele recircula em contas falsas, alimentando a narrativa de que ela repetiu o truque – pés desproporcionalmente grandes na foto do corpo, sombra de bigode sugerindo um homem, e roupas que não batem com seu uniforme habitual de camuflado e colete. A ausência de nomes femininos na lista oficial de 132 óbitos reforça a dúvida, mas peritos do MPF, em investigação acelerada, atribuem mismatches a "erros de cena de crime" ou manipulações digitais.


Para o CV, essa névoa é ouro: nascida nos presídios dos anos 1970, a facção usa o digital para mitificar figuras como Japinha, que ostentava fuzis em stories e coordenava logística de drogas. Com Doca à solta e rotas de cocaína intactas via portos como Itaguaí, o boato desvia foco da operação que, apesar de 81 prisões e 93 fuzis, falhou em decapitar a liderança. A família, em meio ao luto, negou qualquer postagem recente: "É tudo fake, ela se foi de verdade", enquanto o governador Cláudio Castro, pressionado por "massacre", defende a ação como "inevitável". O ministro Flávio Dino (Justiça) prometeu perícia em 48 horas, mas o debate no X – com posts como "Japinha CV de Schrödinger, viva ou morta?" – viraliza com 3 mil interações, misturando memes e indignação.


Como alertamos em nossa cobertura pioneira de 30 de outubro – disponível em TuneBlaze Digital –, a letalidade da Contenção expõe o ciclo vicioso do Rio: 132 vidas a troco de um "sucesso" questionável. Esses boatos, especulativos e perigosos, destacam como o crime se reinventa online, transformando tragédia em propaganda. Até que o IML confirme – ou desminta –, Japinha permanece um fantasma: morta para uns, viva para o mito do CV. O Rio, enquanto isso, segue refém de uma guerra onde a verdade é a primeira vítima.

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