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| Créditos: Ricardo Stuckert |
Lula e Trump se Reúnem na Malásia: Acordo para Negociações Urgentes sobre Tarifas e Sanções ao Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou uma reunião bilateral de alto calibre com Donald Trump na tarde deste domingo em Kuala Lumpur, durante a cúpula da ASEAN, pavimentando o caminho para negociações intensas sobre a agenda comercial entre Brasil e Estados Unidos. Em um encontro descrito por Lula como "franco e construtivo", os líderes alinharam visões sobre o fluxo econômico bilateral, com foco imediato em resolver disputas sobre tarifas impostas por Washington e sanções direcionadas a autoridades brasileiras, medidas que tensionam relações há meses e impactam exportações chave como soja e carne. A conversa, que durou cerca de 45 minutos no hotel onde Trump se hospeda, terminou com um compromisso claro: equipes técnicas dos dois países se reunirão "imediatamente" para avançar em soluções, possivelmente antes do G20 no Rio em novembro, sinalizando uma trégua potencial em uma era de protecionismo global.
Trump, que iniciou sua turnê asiática com elogios à Malásia como "parceiro fantástico", estendeu o otimismo ao Brasil, tuitando logo após o encontro que "Lula e eu tivemos uma ótima conversa – vamos fazer negócios incríveis e acabar com barreiras bobas". Para o lado brasileiro, o diálogo aborda diretamente as tarifas de 10% sobre importações agrícolas reimpostas em fevereiro, que custaram ao agronegócio nacional US$ 2,5 bilhões em perdas estimadas, e sanções a figuras como o ex-ministro Alexandre de Moraes por supostas violações de liberdade de expressão em plataformas digitais. Lula, em declaração oficial divulgada pela assessoria presidencial, enfatizou a "construção mútua" como base para avanços, evitando confrontos públicos e priorizando canais diplomáticos que contrastam com as trocas azedas de 2019, quando Trump rotulou o Brasil de "manipulador cambial".
Essa aproximação chega em hora estratégica: com o real desvalorizado em 15% ante o dólar este ano e a China absorvendo 30% das exportações brasileiras, Lula busca diversificar parcerias sem alienar Washington, que representa 12% do comércio total. Analistas do Itamaraty veem na promessa de reuniões urgentes uma vitória tática, potencialmente abrindo portas para isenções em etanol e aviões da Embraer, em troca de cooperação em bioeconomia amazônica. Trump, por sua vez, usa o momento para projetar imagem de negociador global, alinhando-se à sua doutrina "América Primeiro" que já rendeu pactos com Índia e Vietnã nesta viagem. Enquanto delegações preparam rodadas virtuais para esta semana, o encontro reforça que, em um mundo fragmentado por guerras comerciais, diálogos diretos ainda valem mais que tuítes inflamados.
O impacto pode se estender ao G20, onde Lula hospeda líderes em busca de consensos climáticos e fiscais, com Trump como peça chave para endossar reformas no FMI. Por ora, a Malásia serve de palco improvável para uma reaproximação que alivia pressões domésticas em ambos os lados – e quem sabe, pavimenta um novo capítulo nas relações hemisféricas.
