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| Créditos: Reprodução/X |
Megaoperação Contra Comando Vermelho no Rio: 121 Mortos e Queda de 'Japinha do CV' Marcaram a Mais Letal Ação Policial da História
O Rio de Janeiro acordou esta semana sob o peso de uma operação policial que entrará para os anais da violência urbana como a mais letal já registrada no estado: 121 mortos confirmados até o momento nos complexos do Alemão e da Penha, 81 presos e mais de 90 fuzis apreendidos em uma ofensiva conjunta das Polícias Civil e Militar contra o Comando Vermelho (CV), a facção que domina territórios periféricos há décadas. Deflagrada na terça-feira, 28 de outubro, a ação – batizada de Operação Contenção – visava desmantelar a estrutura de comando do grupo, incluindo o traficante conhecido como "Doca", apontado como o principal chefe local, e resultou em quatro policiais mortos em emboscadas. Mas entre as vítimas fatais, uma figura se destacou pela ousadia pública: Penélope, mais conhecida como "Japinha do CV" ou "musa do crime", uma das linhas de frente da facção, que tombou com um tiro de fuzil no rosto após resistir à abordagem em um beco da Penha.
A operação explodiu como uma guerra aberta, com helicópteros sobrevoando favelas e blindados avançando por vielas estreitas, enquanto o CV retaliava com barricadas incendiadas e tiroteios que paralisaram a cidade por horas. Moradores relataram cenas de pânico: escolas fechadas, comércio suspenso e mais de 50 corpos recolhidos diretamente da mata pela população, elevando o saldo oficial para números que a Polícia Militar inicialmente subestimou em 64. Penélope, de 28 anos e apelidos que evocavam sua aparência jovial e presença nas redes sociais – onde ostentava fuzis e motos de luxo –, era vista como uma combatente de elite do CV, responsável por coordenar logística de drogas e recrutamento de olheiros. Segundo relatos policiais, ela vestia colete tático e abriu fogo contra os agentes, sendo abatida em confronto que desfigurou seu rosto, uma imagem que sua irmã agora implora para não ser mais divulgada, chamando-a de "irmã amada, não merecia isso".
Esse não é um caso isolado no ressurgimento do CV em 2025, uma facção que, nascida nos anos 1970 nas prisões cariocas, expandiu tentáculos para portos como o de Itaguaí, exportando cocaína para Europa e África via contêineres de café. Nos últimos meses, o grupo intensificou disputas territoriais: em setembro, uma invasão ao Morro do Borel, na Tijuca, deixou 12 mortos em tiroteios com o Terceiro Comando Puro; em agosto, explosões de caixas eletrônicos em Niterói renderam R$ 2 milhões para financiar arsenais; e no fim de semana anterior à operação, o CV assumiu controle de pontos de venda no Complexo da Maré, expulsando rivais com granadas caseiras. A megaoperação, planejada há semanas pelo governador Cláudio Castro, respondeu a uma escalada que incluiu o sequestro de um delegado em julho, libertado após resgate pago pelo estado. Secretários de segurança celebram o "maior baque" ao CV, com apreensões que incluem 42 fuzis inicialmente reportados, subindo para 93 após buscas complementares, mas críticos como o coronel reformado José Vicente comparam o episódio ao "Carandiru carioca", alertando para uma letalidade que ignora direitos humanos.
Reações nacionais ecoam o trauma: o ministro das Cidades, Guilherme Boulos, pediu um minuto de silêncio em sua posse para honrar as vítimas civis, enquanto o Ministério Público Federal exige acesso a perícias de todos os corpos em 48 horas, investigando possíveis execuções sumárias. Famosos como Ludmilla, que cresceu na Penha, e o rapper Oruam condenaram a violência em posts no Instagram, com a apresentadora Patrícia Poeta questionando: "Quantas vidas mais para uma 'vitória' que não chega?". O governo federal, sob Lula, acelera um projeto de lei para qualificar o crime de associação ao tráfico com domínio territorial, penas de até 30 anos, e Minas Gerais reforça a fronteira com o Rio para conter fugas. Até o diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, foi consultado sobre participação, mas recusou, argumentando que "não era o modo que atuamos".
Para o CV, essa operação pode ser um golpe mortal em suas raízes no Norte Fluminense, mas analistas preveem reorganização rápida: com líderes como Doca ainda foragidos e cerca de 70 homens armados garantindo sua segurança, o grupo pode migrar para o interior ou intensificar parcerias com milícias. O Rio, que viu homicídios caírem 20% em 2024 graças a UPPs revividas, agora enfrenta o dilema de uma paz armada: a operação salvou vidas a curto prazo, mas o custo humano – 121 famílias destruídas – questiona se a guerra ao crime não perpetua o ciclo de sangue nas veias da cidade. Enquanto o sol se põe sobre o Alemão, o eco dos tiros lembra que, no submundo carioca, vitórias policiais são efêmeras, e o CV, como uma hidra, pode renascer de suas cinzas.
