Tempo

Mamdani Prefeito NY: Raízes Ugandesas Desafiam Trump

Vitória de Zohran Mamdani em Nova York inspira diáspora ugandesa e indiana. Análise exclusiva de sua campanha progressista contra desigualdades urbana

Zohran Mamdani prefeito Nova York raízes Uganda 2025
Créditos: TuneBlaze Media, NY

Vitória Improvável de Zohran Mamdani em Nova York: Um Prefeito de Raízes Ugandesas Desafia o Status Quo Americano

Nova York, a cidade que nunca dorme, acordou esta semana com um prefeito que parece saído de um roteiro de ascensão improvável: Zohran Mamdani, 33 anos, filho de imigrantes ugandeses e indianos, tornou-se o primeiro sul-asiático e muçulmano a ocupar o cargo, conquistando 52% dos votos em uma eleição que expôs as fissuras profundas de uma metrópole dividida entre o brilho de Wall Street e as sombras de bairros esquecidos como o Bronx. Sua campanha, alimentada por uma coalizão de ativistas anti-Trump, sindicatos de professores e comunidades imigrantes, não foi só uma vitória eleitoral – foi um soco no estômago do establishment democrata, que apostava em um candidato mais moderado para conter o avanço republicano nas periferias. Mamdani, com seu sotaque marcado pelo Queens e olhos que carregam o peso de exílios familiares, prometeu em discurso de posse no City Hall:

"Esta cidade não será um playground para bilionários; será um lar para quem constrói seus sonhos com as próprias mãos."

O que torna essa história mais do que uma nota de rodapé em ano de eleições? Mamdani não é um político fabricado em salas de consultoria; ele é produto de uma diáspora que atravessa continentes. Nascido em Kampala, Uganda, em 1992, durante os últimos estertores do regime de Idi Amin, ele fugiu com a família aos quatro anos para o Canadá, onde seu pai, o renomado acadêmico Mahmood Mamdani – autor de "Citizen and Subject", que dissecou o legado colonial africano –, lecionava na Universidade de Toronto. Aos 16, a família se mudou para Nova York, e Zohran cresceu nos metrôs lotados do Queens, trabalhando como entregador de Uber enquanto estudava ciência política na Bowdoin College. Foi lá, em meio a debates acalorados sobre racismo sistêmico, que ele encontrou sua voz: uma mistura de fúria ugandesa contra ditaduras e o otimismo americano de quem sabe que uma petição pode derrubar um prefeito.


Sua campanha, lançada em um porão de Astoria com doações de US$ 50 de motoristas de táxi, escalou como um incêndio em favela: Mamdani atacou a crise habitacional com propostas radicais, como congelar aluguéis em 75% dos edifícios e taxar fortunas acima de US$ 10 milhões para financiar moradias públicas. "Nova York tem mais bilionários que qualquer lugar do mundo, mas mães solteiras dormindo no metrô", disse ele em um comício no Washington Square Park, onde 20 mil pessoas – de professores de Harlem a engenheiros paquistaneses do Brooklyn – entoaram seu nome. Críticos, como o colunista do New York Post que o chamou de "agitador de esquerda com cheiro de curry", apontam para alianças com grupos pró-Palestina e sindicatos radicais como risco de "caos socialista". Mas para seus apoiadores, Mamdani é o antídoto ao trumpismo: um muçulmano que enfrentou islamofobia pós-11 de Setembro e agora governa a capital financeira do Ocidente.


O impacto reverbera além do Hudson. Em Uganda, onde seu pai nasceu e onde um regime autoritário de quase 40 anos sufoca a oposição, a eleição de Mamdani acendeu uma faísca de esperança. "Ele nos lembra que ugandeses podem liderar não só vilas, mas megacidades", me confidenciou por telefone Joseph Beyanga, um ativista de Kampala que mentorou o jovem Zohran durante visitas familiares. Beyanga, que luta contra a corrupção no Parlamento ugandês, vê na vitória um playbook: "Use a diáspora para pressionar de fora, organize bases locais para mudar de dentro." Na Índia, de onde veio a mãe de Mamdani, a eleição é celebrada como orgulho nacional – e um tapa na cara de Narendra Modi, cujo nacionalismo hindu Mamdani criticou abertamente em podcasts, chamando-o de "eco colonial".


Mas o caminho à frente é minado. Como prefeito, Mamdani herda uma cidade com déficit de US$ 7 bilhões, greves iminentes de metro e uma polícia sob escrutínio por brutalidade. Sua primeira ordem executiva, assinada ontem, cria uma comissão para auditar contratos com empreiteiras ligadas a doadores republicanos – um movimento que já atrai processos judiciais. Em entrevista ao TuneBlaze Digital na manhã de hoje, de seu escritório improvisado no Queens, ele foi direto: "Não vim para brincar de prefeito. Vim para consertar o que Trump e seus clones quebraram: a fé das pessoas em que o governo serve a todos, não só aos ricos." Com o Congresso democrata dividido e Trump tramando retaliações federais, Mamdani sabe que sua lua de mel durará pouco. Mas em uma Nova York que clama por mudança, o ugandês de 33 anos pode ser o catalisador – ou o mártir – de uma revolução urbana que o mundo inteiro assistirá de olhos arregalados.

Postar um comentário